A Cara de Quem

Um bobo na corte. Eu descobri que os sonhos são frutos dos nossos desejos E eu pelos seus beijos nadei sete mares, sou apenas um sobrevivente na corte da vida fazendo o papel de bobo, mas um dia eu não sobro mais, enquanto o vento afasta a fuligem e me cobre o rosto, eu sei, ainda que gosto de ti. Eu tenho saudade de quando dividia aquela coca-cola fria com meu tio no bar, E ouvia suas filosofias, hoje a vida me pega de jeito, eu mantenho essa saudade Como dor no peito. Façam-me o favor, não riam da minha sinceridade, não vendo Sequer um segundo do meu tempo, por qualquer uma dessas bobagens tão Necessárias nas vitrines do prazer. Eu vi uma caravela no meu sonho ela rumava para qualquer lugar em que Sonhei em dias de solidão está perdido, não venha agora com seus verbos e adjetivos, O que preciso é de algo substantivo, imaginar você em meus braços se lhe ter é algo terrível,  enquanto isso vou me distraindo na corte da vida fazendo o papel de bobo até que ti alteza Se compadeça de m

É TÃO ESTRANHO  Sou tão estranho, eu medito e não acredito, Pensar que existam anjos bons que serão Portadores dos meus castigos. Comprei nas mãos de um vendilhão um santo, Estava bento numa água trazida de Xangai. Entre tantos ais, e ameaças que se consagrariam Póstumas, entre tantas promessas, nos muros do Vaticano Os mesmos que eram lavados por choros inocentes de escravagistas Modernos. Ali aos pés da inocência nascia um ramo de flor, não seriam Oliveiras? Acredito avistando de longe que sejam trepadeiras, Seus ramos intrínsecos balançam ao passar dos vendavais, mas Não tombam. O que rola morro abaixo é a fé, a esperança que Sempre é vendida fora dali, por alguém que tem uma desmedida Comoção por quem sofre, e não tendo dinheiro pode pagar com Cheque ou cartão parcela-se em até três vezes. E os sonhos de liberdade moram nos corações dos impuros, e a impureza Vem através da prática, de não dobrar os joelhos, mas sim arregaçar as Mangas, mas não derrubá-las completamente dos pés

CAMINHO E no dia que eu estiver partido, eu quero Que você pegue algo meu e que lhe faça lembrar De mim. Me leve nas nossas colinas, mas Se elas não mais existirem toque apenas os sons que a Gente costumava escutar por ali. É a vida que me encaminha para a morte, e por isso Só por isso tenho dever de me sentir inocente, nunca fiz Cálculos no presente, pois jamais por sinceridade esperei Encontrar o futuro. A minha condenação vem do vício de olhar para trás, É como se pudesse mergulhar numa foto e reviver o passado. Eu aprendi que é a vida que me encaminha para a morte aprendi a não sofrer pelo caminho, aprendi que enquanto eu caminho eu posso levar você até antes realmente de ter partido. Paulo Valadares

O ADEUS! Exatamente no dia que planejava lhe dizer adeus Justamente nesse dia lhe vi com um outro olhar, Olhar que escondia malícia, carinho e ternura por mim. Exatamente na hora em que pensava em lhe dizer palavras Frias, acabar com um relacionamento perdido, mostrar-lhe O quanto estava ferido, você me estendeu as mãos quentes, Macias, delicadas e cheias de amor. E é por isso que preciso partir, pois não vivi o olhar que me Entregou neste momento, nem tive as palavras outrora Aquecidas com gestos de esperança, não senti nada além Da desconfiança. Hoje me dá o que não me deu durante anos, fizemos planos, Apenas meu coração e eu, enquanto você procurava e não Achava o que agora perdeu. Exatamente é hoje o dia do adeus, Por que aprendi que nenhuma despedida é perdida para aquele Que venceu a briga entre o desejo da paixão e o verdadeiro amor Que ainda pressente. Paulo Valadares