BLASFÊMIA

Ô nega estonteante! por que quer tirar as curvas
Nas quais me perco, ô nega ingrata! Não desembaraça
Esses laços por onde me entrelaço e lhe prendo.

Agora quer afinar os lábios, onde é que vou bebericar
Beijos tão fantásticos quanto aos seus, minha flor. Quer
Abundar os seios e eu neguinha, que viajo justamente nesse
Meio, pulando de um ao outro e que cabem no meu desejo,
Maior é fajuto, é injusto com esse tempero de amor que
Nós fazemos.

O minha deusinha de ébano, malha tanto essas pernas,
Que chego a ter pesadelos com essas másculas criaturas me
Perseguindo o dia inteiro, não! Não mecha nesse santuário, seu
Corpo é profano e se há algum engano, engano é não amá-lo
Desse jeito, venha do jeito que está e apenas me dá um beijo,
Para ver o que eu faço com você.

Ah mulatinha safada não queira exagerar na perfeição, foste
Criada do tamanho certo para caber no meu coração. Da forma
Que foi criada nenhuma outra deusa será tentada a lhe imitar,
 pois aí já Vira blasfêmia e aberração.

Paulo Valadares

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