Ronardo Felômeno

A terça-feira parece que foi de ressaca, e o pior é que nem bebo, no trabalho mesmo tendo um ventilador de teto e o ar condicionado soprando a todo vapor, digo a toda velocidade parecia que o calor não se abrandava, a sensação era que ia subir mais e mais a temperatura, para piorar o telefone que  não parava de tocar, gente a todo instante entrando querendo informação, eu estava a ponto de gritar, chega! Vocês não têm mais o que fazer? E tinham é claro, mas com certeza o mais importante era está ali no órgão público resolvendo alguma pendência para tocar suas vidas adiante.
Precisava me concentrar para terminar uma tarefa, mas na verdade nem a tinha começado direito, o dia de fato hoje me incomodou com todos aqueles personagens, olha que geralmente me acostumo ao ambiente, mas hoje me sentia o Joãozinho sendo engordado pela a bruxa para logo depois ser devorado.
Sai dali precisava sair, mesmo correndo o risco de ter o implacável sol na cabeça e a queimar a pele precisava respirar, e como tinha que ir ao banco decidi que aquele seria o momento oportuno. Meu banco (quem dera fosse meu banco de verdade, teria assim outro aos 34 anos se aposentando, eu é claro), até parecia banco de comercial, estava uma delícia lá dentro, um ar condicionado que congelava quase que instantaneamente seu suor, ao passar porta adentro, fui ao caixa eletrônico sem fila tinha até trilha sonora patrocinada pelo o vizinho de caixa ao lado que ouvia uma melodia, digo, um funk no seu celular.
Na volta ao trabalho não resisti ao passar na lanchonete de um conhecido tinha que degustar alguma coisa, embora merecesse já que tinha almoçado um mirrado prato de arroz e feijão por volta do meio dia, e agora já passava das 16 horas. Entrei pedi uma coxinha e um refrigerante, enquanto comia, o dono do bar rendeu o assunto que está na mídia desde ontem, a malfadada aposentadoria do Ronaldo, o Fenômeno, até comentei que tinha duas coisas em comum com ele, o dono do bar, o quê? Muitos filhos e dinheiro? Não, não, a idade e também sou gordo mais do que ele, diga-se de passagem. O rapaz falou que tinha pena do Ronaldo, pois ele tinha se aposentado e que tinha ficado triste com as declarações de despedida dele, argumentei dizendo que apesar de ter parado com ainda muitos quilos por queimar, e muita bola para jogar ele tinha se aposentado bem, e que agora iria desfrutar da grana que acumulara, seus mais de 600 milhões continuei dizendo que ele é um sujeito de muita sorte, pois a maioria dos brasileiros se aposenta com mais de sessenta anos, aposenta? Não, pois a renda na maioria das vezes cai, o que obriga o aposentando a continuar trabalhando ou vivendo de bico. O rapaz ainda rebateu dizendo que ele tinha muitos filhos, pensei comigo, pois é, por esse lado não tinha pensando, 600 milhões para tantos filhos do Ronaldo, é pouco, muito pouco deve ser por isso também que era chamado de fenômeno.
Terminei minha coxinha meio tristonho fui contagiado pelo o olhar triste do dono da lanchonete que logo após passou a reclamar das contas que eram muitas e poucos os clientes, segui para o meu trabalho pensando que não tinha os 600 milhões do Ronaldo, mas por outro lado também não tinha o tanto de conta para pagar  como o rapaz do comércio. No meio do caminho quase fui atropelado por um grupo de sujeitos que iam correndo, um deles parou me encarou e perguntou, me diga homem onde é que fica o cartório de registros, apontei a direção e ele saiu feliz da vida, é que meu filho nasceu e o nome que minha véia mais eu escoeu  é Ronardo o Felômeno.
Sorte de o garoto ter nascido garoto, pois meu medo era se fosse menina será que ela ia se chamar Pimba na Gorduchinha.

Paulo Valadares


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